sexta-feira

Café

Não se expressa mais, não se vê mais como parte do mundo, não acredita mais e não vê nada de errado nisso. Não se levanta e grita seus ideais em frente a quem quiser ouvir e nem liga quando discordam do seu pensamento. Seu guarda roupa não tem mais camisetas de lutas que significaram muito, seu corpo não tem mais símbolos de tudo aquilo com o que sonhou. Já não tem mais aquela atitude que todos admiravam e já não busca mais admiração.

Talvez por ter mais convicção no que pensa, talvez por saber que não faz diferença, talvez por exaustão. Não se importa mais em passar horas contemplando a chuva ou em sorrir quando vê um inseto, sua rotina não faz mais diferença e seus sonhos já não se enfileiram diante de cada reflexão. Seus tombos já não lhe ensinam nada e sua voz já não tem o tom de calmaria que costumava imprimir.

Não importa mais, não pensa mais em uma figura geral, não acredita em não acreditar e não tem nada de errado nisso. Não liga mais para as críticas que lhe são tecidas ou para os elogios que lhe são tachados, nem pensa mais no abstrato, nem pensa mais em nada. Não faz das cores um arco-iris, não lhe importam mais as pequenas coisas.

Talvez por ter encontrado a felicidade, talvez por não saber procurar, talvez por ter desistido de ser feliz. Não se importa mais em questionar ou em morrer de amores, em segurar mãos, nem em abraçar. Não lhe faz mais diferença.

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