quinta-feira

Fleuner

Já não faz porquê acordar de manhã
porque todos os dias são o mesmo.
Presa dentro deste casulo,
o novo é uma peça de roupa ou uma xícara de café...
Talvez nem isso.

 A mesma roupa não deve ser tão ruim,
 o mesmo café de ontem.
Frio.
E isso não é sofrer,
Um novo dia e aprendizado,
talvez o mesmo dia e aprendizado nenhum.

São quatro horas, retroativas,
são oito horas e são as mesmas.
Sentada de frente pra um computador,
nada a dizer, nem a pensar, nada a fazer.

Fingir.

Sorrir um sorriso que não é meu, não é de ninguem.
Na verdade, nunca será.
Somos todos os mesmos.
Nem tudo é tão ruim.

E quinze minutos para um cigarro.
Não faz pensar, sedativo, adorável,
Algumas gotas de água.

E isso não é sofrer. Mas se isso não é sofrer...

sábado

É de se perguntar se, eventualmente, vai estar tudo bem. Não faz sentido ser feliz sem mais nada, a felicidade não faz arte, a alegria não é bela, não faz parte estar e ser constantemente bem. Se fosse tudo como deveria ser e, sendo, será que seria exatamente o que se espera? Não existe beleza alguma em um sorriso se for constante ou se for merecido.

Sombras

Algumas poucas pessoas aparecem e tomam uma importância tão grande e inesperada na figura geral. Mesmo sem ser preciso, mesmo sem ser pedido e é aí que a oportunidade toma a cena e o desespero vira figurino: vestidos de saudades os atores se fazem de idiotas a procura do sentido daquelas pessoas que vieram e se foram, sem nem pedir. Mas daí surgem novas coisas a se pensar, surgem novas pessoas no cenário e as partes marcadas em amarelo neon são algo como "oi" e "olá".

Mas mesmo assim o palco ainda lhe parece vazio e o frio daquela sala enorme, os ecos, devoram das extremidades ao interior e todo aquele desespero toma tudo de volta. Aonde foram parar aquelas coisas que surgiram do nada e foram embora? Ficam só memórias de personagens e de cenas e de tudo, que só se pode ver no escuro. Mas a luz é direcionada e a visão desaparece e o calor lhe toma tudo. Mas aonde foram parar todos aqueles personagens?